domingo, 11 de maio de 2008

Fotos que dominam a arte de contar estórias

Ana Gaspar
Numa altura em que o multimédia invade os modos de comunicar, as fotografias provam que ainda dominam a arte de contar estórias; muito para lá do momento em que as imagens foram captadas. Um exemplo disso é o trabalho vencedor da edição deste ano do World Press Photo (WPP), ganho por Tim Hetherington, que apesar de também recolher imagens com vídeo acabou por ser galardoado com o maior prémio de fotografia a nível mundial. Outro é o da foto de Augusto Brázio, de uma mãe com o filho acabado de nascer a serem assistidos por uma equipa do INEM, que venceu o Prémio Fotojornalismo Visão/Bes. As duas podem ser vistas a partir de hoje no Museu da Electricidade, em Lisboa.O fotógrafo inglês passou duas temporadas, uma delas de cinco meses, junto de um grupo de soldados norte-americanos situados numa das zonas de maior conflito no Afeganistão. A foto mostra o cansaço e o desespero de um deles e, nas palavras do fotógrafo, o seu próprio cansaço e desespero. Mas também a "exaustão de uma nação", segundo o presidente do júri Gary Knight. "O júri teve motivos específicos para esta selecção. Escolheram fotografias que não davam respostas simples, mas que suscitavam questões", explicou ontem Femke van der Valk, da Fundação WPP.Já Augusto Brázio passou meio ano a acompanhar as equipas de Emergência Médica. "A questão de ter tempo para trabalhar bem é um assunto cada vez mais importante na vida dos jornalistas, mas infelizmente cada vez mais difícil", disse Cláudia Lobo directora-adjunta da Visão.A exposição do WPP integra ainda a foto de Miguel Barreira, de um "bodyborder" no meio de uma onda de quatro metros. Esta é a segunda obra de um português a ser distinguida pelo WPP. A primeira tinha sido um retrato do general Spínola, de Eduardo Gageiro (1975). Os mais de 200 trabalhos premiados pelas duas iniciativas podem ser vistos até ao dia 8 de Junho. Estes incluem três fotografias de jornalistas do JN Bruno Simões Castanheira, que venceu na categoria de vida quotidiana do Prémio Visão/Bes; e duas menções honrosas, de Pedro Correia e Alfredo Cunha.



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