segunda-feira, 18 de agosto de 2008

“Férias grandes levam a perder conhecimentos”


O título desta notícia fez-me ler com mais atenção o artigo, que entre outras coisas refere que:
a)Os comportamentos anti-sociais dos jovens aumentam e os conhecimentos perdem-se durante as férias de Verão;
b) As férias escolares do Básico e do Secundário são demasiado longas;
c) Os jovens, em especial os de famílias mais pobres, têm demasiado tempo livre e muito pouco em que o ocupar. Um dos estudos citados revela que 80% das crianças de meios desfavorecidos afirmaram não ter nada para fazer fora da escola;
d)As férias longas podem levar os alunos a perderem competências adquiridas durante o ano lectivo, sendo que "nos piores casos estas perdas foram equivalentes a um mês de tempo escolar". Estas são mais acentuadas na matemática e ortografia e menos notórias na leitura. Também neste aspecto, os jovens de classes mais desfavorecidas são os que mais sofrem;


Ora bem, todos sabemos que as férias nos trazem algum distanciamento, e ainda bem, do trabalho que por rotina fazemos ao longo do ano. Será que alguém está convencido que durante o tempo lectivo não acontecem exactamente as questões levantadas neste estudo? Perguntem aos alunos, às pessoas em geral, no final do ano lectivo se sabem as matérias do início do ano e verão os resultados. A aprendizagem não é um saco infinito e sem fundo, está-se sempre a perder a ganhar novos conhecimentos e competências. "As perdas são reais", reconheceu Joaquim Sarmento, ao JN, acrescentando que, no entanto, se "resumem a um núcleo de competências mais ligado à memória, algo que no currículo escolar português não tem um papel central". Mas este é um aspecto que me parece saudável e até aconselhável, para que, como se costuma dizer “se reforcem as baterias”. A proposta desta instituição britânica aconselha a redução d as férias de Verão para apenas quatro semanas, distribuindo o resto do tempo de forma mais equilibrada ao longo do ano. Claro que quem faz uma proposta destas não percebe do que está a falar. Em que altura fazem os alunos os exames e as provas de acesso à universidade? Quando se fazem as reuniões de preparação do ano lectivo seguinte? Além disso, “uma solução que Joaquim Sarmento considera difícil de aplicar em Portugal, sobretudo devido às características do clima. "Com o calor, a partir de meados de Junho, é muito difícil manter as condições de aprendizagem", assegura. E com o actual calendário escolar, Sarmento acredita que uma maior distribuição do tempo de férias traria problemas às famílias, "porque a vida não está organizada para terem as crianças em casa nessas alturas".”
Questiono-me sempre porque é que na educação se parte sempre dos princípios errados para resolver “problemas” que surgem? Partamos do princípio que é verdade o que este estudo traz a lume. É á escola que cabe resolver estes problemas com prejuízos evidentes para os alunos, famílias e professores, ou à sociedade, ao Ministério da Educação e da Segurança Social, autarquias e famílias que o devem fazer? As crianças precisam cada vez mais da família, de estreitar os laços que se perdem durante o ano com a azáfama do trabalho, precisam de aprender com a família. E a responsabilidade das instituições deste País em encontrar soluções para as tais famílias de meios desfavorecidos? Para estas, que nem férias têm, provavelmente a melhor solução seria nem “fechar” a escola. Faça-se um exame de consciência, e assuma-se de uma vez por todas as responsabilidades de cada um. A escola não é um depósito e muito menos consegue resolver todos os problemas, que são cada vez mais, das nossas crianças e jovens.

domingo, 17 de agosto de 2008

Educação: Alunos com mais coragem e empatia copiam menos


Columbus, Estados Unidos, 16 Ago (Lusa) - Os estudantes universitários com melhores níveis de coragem, empatia e honestidade não terão copiado, nem o deverão fazer em exames, indica uma investigação da Universidade norte-americana de Ohio.

Estes estudantes também têm a tendência para não acreditar que os seus colegas são habitualmente desonestos nos testes.

"As pessoas que não copiam têm uma perspectiva mais positiva dos outros. Eles não notam muita diferença entre a sua atitude e a dos restantes", notou Sara Staats, co-autora do estudo e professora de psicologia.

Os recentes estudos realizados em universidades garantem que copiar é uma prática muito comum.

"Os estudantes que não copiam parecem ser uma minoria e têm muitas oportunidades para verem os seus pares copiarem e receberem recompensas com um pequeno risco de castigo. Vemos o não copiar como uma forma de heroísmo diário no contexto académico", acrescentou a investigadora.

Depois de avaliadas a coragem, a honestidade e a empatia, os investigadores separam os alunos com melhores níveis dos que apresentaram piores resultados.

Os denominados "heróis académicos" estavam na lista com melhores níveis e referiam maior culpa se tivessem copiado em comparação com os alunos com piores resultados nas três categorias analisadas.

"Os heróis não inventam desculpas, nem dizem que é aceitável copiar porque muitos outros o fazem", referiu ainda Sara Staats.

Para a investigadora, os resultados obtidos indicam haver um bom público-alvo para divulgar mensagens contra a desonestidade académica.

PL.

© 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.
2008-08-17 02:25:02

Jorge Gumbe considera difícil escrever trajecto da arte angolana



MÁRIO COHEN

O artista plástico Jorge Gumbe disse quinta-feira, no Museu de História Natural, que é muito difícil para qualquer investigador escrever a história da arte contemporânea angolana sem fazer recurso das várias colecções existentes, pelo facto destas serem parte activa e regular na evolução das belas artes nacionais.
Como comissário do prémio Ensa-Arte, Jorge Gumbe destacou a importância do acervo desta colecção de obras que, segundo ele, permite salvaguardar as obras nacionais e seus criadores, fomentar o mecenato e também criar uma base de dados sobre as artes plásticas angolanas.
“As colecções de arte possibilitam ainda fazer uma revisita à produção artística do período pós independência até o actual, por meio dos artistas e suas obras. Acredito que devido a ausência de arquivos qualificados ou instituições adequadas, como museus, o estudo da história da arte contemporânea angolana passe por estas colecções”, disse.
De acordo com Jorge Gumbe, o prémio Ensa-Arte não é só importante para os artistas angolanos, mas também ao país e à sociedade. “Penso que hoje, a colecção Ensa-Arte é uma das mais importantes do país, em termos de arte. Nela estão representados artistas de várias gerações da pintura e escultura angolana”, referiu.
O pintor explicou ainda que como comissário do prémio Ensa-Arte é sua obrigação dar a conhecer regularmente a produção e o desenvolvimento da produção artística nacional nas diferentes décadas, bem como procurar facilitar, através das artes visuais, o conhecimento histórico e cultural do país.
Para o artista, a nação angolana como um país constituído por uma diversidade de culturas e um património muito rico, na qual fazem parte povos de diferentes etnias e tradições, a existência destas colecções são fundamentais para salvaguarda destes valores.
Convidado a encerrar o ciclo de palestras sobre o Ensa-Arte, ocorrido quinta-feira, no Museu de História Natural, o artista realçou que a produção de arte contemporânea no país, hoje se tem reflectido em todas manifestações culturais. “Este facto as torna indispensáveis no estudo da cultura nacional”, frisou.
Em relação à escultura, Jorge Gumbe disse que é preciso prestar-se mais atenção a este género, visto que é uma das formas de arte mais conhecida assentes na tradição. “Apesar das mudanças, hoje a escultura moderna têm expressado imagens estéticas que são reflexos dos valores tradicionais”, esclarece.
De salientar que o ciclo de palestra, aberto terça-feira, 12, serviu para incentivar o intercâmbio entre a diversidade cultural e analisar a condição do artista, as palestras mostrarão à sociedade, através das inúmeras exposições, que a arte pode contribuir para a mudança de consciência, do desenvolvimento social e intelectual dos angolanos.
Segundo a organização do evento, os materiais produzidos também poderão ser utilizados no ensino e na pesquisa da história, arte e cultura angolana, a partir de uma faceta fundamental, porém desconhecida, do universo cultural e artístico angolano.

Fonte: Jornal de Angola