domingo, 17 de agosto de 2008

Jorge Gumbe considera difícil escrever trajecto da arte angolana



MÁRIO COHEN

O artista plástico Jorge Gumbe disse quinta-feira, no Museu de História Natural, que é muito difícil para qualquer investigador escrever a história da arte contemporânea angolana sem fazer recurso das várias colecções existentes, pelo facto destas serem parte activa e regular na evolução das belas artes nacionais.
Como comissário do prémio Ensa-Arte, Jorge Gumbe destacou a importância do acervo desta colecção de obras que, segundo ele, permite salvaguardar as obras nacionais e seus criadores, fomentar o mecenato e também criar uma base de dados sobre as artes plásticas angolanas.
“As colecções de arte possibilitam ainda fazer uma revisita à produção artística do período pós independência até o actual, por meio dos artistas e suas obras. Acredito que devido a ausência de arquivos qualificados ou instituições adequadas, como museus, o estudo da história da arte contemporânea angolana passe por estas colecções”, disse.
De acordo com Jorge Gumbe, o prémio Ensa-Arte não é só importante para os artistas angolanos, mas também ao país e à sociedade. “Penso que hoje, a colecção Ensa-Arte é uma das mais importantes do país, em termos de arte. Nela estão representados artistas de várias gerações da pintura e escultura angolana”, referiu.
O pintor explicou ainda que como comissário do prémio Ensa-Arte é sua obrigação dar a conhecer regularmente a produção e o desenvolvimento da produção artística nacional nas diferentes décadas, bem como procurar facilitar, através das artes visuais, o conhecimento histórico e cultural do país.
Para o artista, a nação angolana como um país constituído por uma diversidade de culturas e um património muito rico, na qual fazem parte povos de diferentes etnias e tradições, a existência destas colecções são fundamentais para salvaguarda destes valores.
Convidado a encerrar o ciclo de palestras sobre o Ensa-Arte, ocorrido quinta-feira, no Museu de História Natural, o artista realçou que a produção de arte contemporânea no país, hoje se tem reflectido em todas manifestações culturais. “Este facto as torna indispensáveis no estudo da cultura nacional”, frisou.
Em relação à escultura, Jorge Gumbe disse que é preciso prestar-se mais atenção a este género, visto que é uma das formas de arte mais conhecida assentes na tradição. “Apesar das mudanças, hoje a escultura moderna têm expressado imagens estéticas que são reflexos dos valores tradicionais”, esclarece.
De salientar que o ciclo de palestra, aberto terça-feira, 12, serviu para incentivar o intercâmbio entre a diversidade cultural e analisar a condição do artista, as palestras mostrarão à sociedade, através das inúmeras exposições, que a arte pode contribuir para a mudança de consciência, do desenvolvimento social e intelectual dos angolanos.
Segundo a organização do evento, os materiais produzidos também poderão ser utilizados no ensino e na pesquisa da história, arte e cultura angolana, a partir de uma faceta fundamental, porém desconhecida, do universo cultural e artístico angolano.

Fonte: Jornal de Angola

1 comentário:

Paula Inês de Oliveira disse...

Era preciso referir aqui que a primeira imagem deste post é uma fotografia artística do fotógrafo angolano RUI TAVARES.
Nota: Nunca esquecer de atribuir uma obra ao seu autor nem criar situações de ambiguidade.
Obrigada.
Paula Inês