terça-feira, 17 de junho de 2008

Arte Articulada


Edifícios históricos do Algarve desactivados ganham nova vida com intervenções do projecto "Articulações".
A antiga Fábrica da Cerveja, em Faro, a Mina Campina de Cima e o Convento de Santo António, ambos em Loulé, ganharão nova vida este Verão com as intervenções de cerca de trinta artistas contemporâneos inseridas no programa ALLGARVE 08.
Espaços históricos que perderam há muito a sua época áurea, progressivamente abandonados por terem sido desactivados, vão ser agora palco do projecto "Articulações", comissariado por Nuno Faria e produzido pelo Museu de Arte Contemporânea de Serralves, que reúne um conjunto de artistas convidados a realizar intervenções específicas inspiradas na história, memória, materialidade, presença e uso desses lugares.
André Carvalho, Ângelo de Sousa, Sérgio Taborda, Dan Perjovschi, Fernanda Gomes, António Bolota, Leonor Antunes, Ricardo Jacinto, Thierry Simões, Hugo Canoilas, Phil Niblock, Ian Kiaer, João Queiroz, Raimond Chaves e Gilda Mantilla são alguns dos cerca de trinta artistas representados nesta exposição que se divide entre a Fábrica da Cerveja, a Mina Campina de Cima e no Convento de Santo António.
"Articulações" está inserida no programa de sete exposições de arte contemporânea da 2ª edição do programa ALLGARVE, com um total de 59 artistas portugueses e estrangeiros que mostrarão as suas obras até Setembro nos municípios de Faro, Lagoa, Lagos, Loulé, Portimão e Albufeira, em quinze espaços tão diversos como praias, o aeroporto de Faro, antigas fábricas, monumentos e centros culturais.
A antiga Fábrica da Cerveja, onde se concentra o trabalho da maioria dos artistas do projecto "Articulações", foi originalmente uma fortaleza militar, tendo sofrido mudanças na arquitectura ao longo dos tempos, consoante o uso a que se destinava, e foi progressivamente abandonada.
No edifício, os artistas estão a ultimar intervenções em desenho, pinturas murais, vídeo e som, exprimindo as suas abordagens sobre a arquitectura e história do espaço, que já foi usado no ano passado, na primeira edição do ALLGARVE, para receber exposições de obras provenientes da colecção do Museu de Arte Contemporânea de Serralves.
A fábrica, a mina e o convento "têm em comum o facto de não estarem configurados para receber arte, e é isso que os liga", disse à Agência Lusa o comissário do projecto, durante uma visita a uma semana da abertura da exposição.
Os diferentes espaços da Fábrica da Cerveja, alguns com as paredes descarnadas que mostram vestígios das antigas muralhas da cidade, estão a ser ocupados pelas instalações dos artistas, entre elas a de António Bolota, que concebeu um pilar de pedras de mármore branco com 16 metros, que liga o chão ao tecto, provocando um grande impacto visual no visitante.
Nuno Faria apontou que os artistas "ficaram muito entusiasmados com o projecto e a escolha dos espaços de intervenção foi feita com grande harmonia".
Fernanda Gomes está a montar a sua instalação numa das muitas divisões da fábrica e confessou sentir-se fascinada "pela beleza rejeitada" de espaços com história e memória que perderam o seu uso e foram ficando degradados.
A artista brasileira está a usar na sua instalação a terra que cai das paredes, areia, pedras e bocados de madeira que encontra durante os seus passeios pela zona antiga de Faro.
João Maria Gusmão e Pedro Paiva é a dupla de artistas responsável pela intervenção na Mina Campina de Cima, em Loulé, parte do projecto Abissologia recentemente inaugurado com uma exposição realizada na Cordoaria Nacional, em Lisboa.
Os visitantes são convidados a descer a centenas de metros de profundidade, onde podem avaliar o movimento milenar da terra, as estalactites de sal, filmes e instalações produzidas pelos artistas propositadamente para o espaço.
No Convento de Santo António, também em Loulé, Rui Moreira e Rui Sanches usaram desenhos e esculturas de vários períodos do seu trabalho, a par de novas intervenções nos claustros do edifício, nos quais abordam as dimensões sagradas e profanas, a história e memória do espaço, Com uma programação de 65 eventos nas áreas da arte contemporânea, música, desporto e gastronomia, o ALLGARVE 08 é promovido em conjunto pelo Turismo de Portugal, pela Região de Turismo do Algarve e pelos municípios algarvios.

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