sexta-feira, 18 de abril de 2008

Exposições em Serralves


Cem peixes em bronze suspensos do tecto por cima de um enorme reservatório de água compõem a imagem fantástica com que o visitante do Museu de Arte Contemporânea de Serralves (MACS), no Porto, se confronta assim que atravessa o átrio e passa a porta de acesso aos (outros) locais expositivos. É a única obra de que se faz a mostra de Bruce Nauman, norte-americano nascido em 1941, justamente intitulada Fonte de Cem Peixes. Fica patente de hoje a 6 de Julho.Metáfora do artista, se tomarmos em conta o título de uma das suas primeiras obras - O verdadeiro artista é uma maravilhosa fonte luminosa -, espanta desde logo pelo cruzamento do seu encanto físico, mecânico e sonoro com a leitura aparentemente absurda que proporciona: peixes ejectando o elemento onde sobrevivem. É na arte, afinal, que o artista cria.Erik van Lieshot, Anne-Lise Coste e Tatjana Doll são os autores da outra exposição que hoje é inaugurada em Serralves. Violência Institucional e Poética, patente até 13 de Julho, abre no próprio átrio do MACS com Up!, filme projectado na face lateral da escada de acesso à cafetaria, para ver a partir de modelos mutilados de automóveis classe média, como num drive-in decadente.O vídeo aborda sessões de psicoterapia efectuadas pelo autor da obra, van Lieshout, que expõe ainda Fantasy Me [na foto], registo de um encontro com uma chinesa em que, a troco de ensinar termos ingleses feministas, o artista recebe aulas de kung-fu. Violência física e verbal entre culturas distintas, projectada num grande candeeiro-balão chi- nês. Completam a sua mostra os filmes Lariam, exibido numa caixa de comprimidos, sobre a terapia de um farmacêutico ganês para a malária, e Rock, que evoca o novo-riquismo holandês - além de desenhos/quadros feitos com lápis e material plástico.Erik van Lieshot é holandês, Anne-Lise Coste francesa e Tatjana Doll alemã. Da segunda vemos marcas de tinta e cor sobre papel, parede ou outros suportes, agindo na fronteira entre escrita e significado, arte e comunicação, homem e macaco; da última temos quadros em tamanho real de camiões e comboios, paineis e pictogramas, num todo que desafia convenções sociais e artísticas - desde logo, e pelas dimensões, a do olhar.

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