sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Provedor do aluno


As férias dos nossos alunos estão já a decorrer depois de três meses de intenso trabalho em que a avaliação do desempenho do pessoal docente e, mais recentemente, a nova gestão escolar foram temas fortes deste período lectivo.O pessoal docente e o pessoal não docente estão quase sempre na berlinda, por motivos diferentes, os pais e encarregados de educação também, as autarquias e as actividades locais não deixam que lhes tirem o protagonismo; mas dos alunos, o fim último da actividade educativa, quase nunca se fala.Se não fossem eles, os discentes, as escolas não existiriam. É uma verdade insofismável. E, também por isso, todos os nossos esforços devem ter como objectivo o aluno, o futuro cidadão que a escola quer formar.Para isso é necessário que todas as políticas sejam direccionadas para o sucesso dos alunos e também contra o abandono escolar.A brincar, ou talvez não, acho que esta personagem principal do tabuleiro educacional deveria ter um Provedor, alguém que mostrasse aquilo que eles já há muito nos deram a entender que não está bem no ensino.Esse Provedor, entre outros alertas, daria pelo menos dois que passo a expor.O número elevado de disciplinas no terceiro ciclo. Por exemplo, no 7º ano de escolaridade os nossos jovens têm 12 disciplinas (2 são semestrais) e 3 áreas curriculares não disciplinares (ACND), num total de 15! O número pode ascender a 16 se o encarregado de educação inscreveu o seu educando em Educação Moral e Religiosa Católica ou outra confissão religiosa. No 8º e 9º anos o panorama é igual. O número elevado de disciplinas, em conjunto com as áreas curriculares não disciplinares, trazem uma falsa polivalência ao aluno que só o lança na confusão.As ACND (Área de Projecto, Estudo Acompanhado e Formação Cívica), criadas em 2001, não estão atingir os objectivos a que as propuseram. Não são verdadeiras disciplinas, pois não tratam de nenhuma área específica do saber, sendo até aproveitadas para a leccionação de algumas disciplinas, como por exemplo a Matemática, no âmbito do Plano de Matemática. A sua utilidade deve ser repensada e transformada num aproveitamento efectivo e útil para os nossos alunos e professores que devem ver nas políticas educativas algo perceptível e exequível.Caso este facto fosse tido em conta pelos nossos políticos, estou certo de que ajudaria a resolver dois problemas com que as escolas se debatem actualmente, o insucesso e o abandono escolares. São verdadeiros problemas que merecem ser (re)pensados para que se encontrem boas soluções. Seguramente as escolas ajudarão também a encontrá-las.O Provedor do aluno ficaria muito satisfeito pois julgaria que teria dado um importante contributo para a resolução destes e de outros problemas.
Filinto Lima in O Primeiro de Janeiro 20-12-07

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