domingo, 9 de março de 2008

João Dixo

João Dixo Nasceu em Vila Real, em 1941. Em 1966 licenciou-se, com 20 valores em Pintura na Escola Superior de Belas Artes do Porto. Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian durante todo o curso e, também, entre 1975 e 1977, em Paris, onde desenvolveu um programa de investigação.A sua já longa carreira docente passa pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (1973/1997), pela ARCA/ETAC, de Coimbra, de que foi director e onde coordena o mestrado em Comunicação Estética e a licenciatura em Pintura, e pelo Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, onde foi responsável pelo grupo de desenho (1986/98).Foi membro fundador do Grupo Puzzle (1974/79) e membro de La Jeune Peinture (Paris, 1974/80). Integrou o núcleo de fundadores da Bienal de Cerveira.Começou a expor individualmente em 1963. Desde então conta com mais de três dezenas, em Portugal e em França. Colectivamente já participou em mais de duas centenas e meia de exposições e em festivais de Arte e Performance, em Portugal e no estrangeiro, tanto individualmente como enquanto membro do grupo Puzzle.Está representado em diversas colecções públicas e privadas, nomeadamente no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa), Museu Soares dos Reis (Porto), Museu de Serralves (Porto), Fundação Cupertino de Miranda (Vila Nova de Famalicão), Museu Amadeo de Souza Cardoso (Amarante), Museu Malhoa (Caldas da Raínha), Museu de Ovar, Fórum da Maia, Câmara Municipal de Vila Real, Câmara Municipal de Vila Franca do Campo (Açores), Banco de Portugal, BPI, BCP, CGD, Companhia Portuguesa do Cobre, Polimaia, etc.

"Quem pinta, pinta-se". João Dixo “pinta uma trans-aparência autobiográfica”, (1) metapintando-se individualmente, mas também atingindo o universal ”Quem assim (se) pinta, não (se) pinta, pinta a pintura, pinta a vida.” (2) não para pintar imagens autobiográficas, mas tornando visível a Pintura em acção ao nosso olhar.As suas telas não são só o figurado, são opções mágicas onde se misturam tintas, pincéis, sonhos, pesadelos, mãos, amarguras, alegrias, prazeres, segredos. "A pintura diverte-me, emociona-me, comove-me, dá-me imenso prazer e muito sofrimento" - diz, referindo-se indistintamente ao acto e ao efeito de pintar.
O quadro em causa segue esta forma de estar na pintura, na tintura, diria João Dixo, essa mistura na tela de cores/ tintas e colagens que partindo sempre da matéria se desenvolve e nos transporta para mundos oníricos, viagens espaciais (vermo-nos por fora), revela-nos a nossa insignificância em termos cósmicos. A velha ideia “o homem medida de todas as coisas”, como ponto de partida, deixa de ter significado deixa de ter sentido. “ o homem deixa de ser a medida do mundo” (3) A obra aqui condensa essa capacidade de expressão individual numa dimensão cósmica. O artista apresenta-se aqui como uma espécie de interface entre o individual, o visível e o invisível, o cósmico. Esta obra permite-nos a experiência estética do olhar e da sensibilidade. Partindo de cores, tintas e colagem de pedaços de jornal, materiais finitos, pobres, irrisórios, leva-nos a viajar para a dimensão do macro, do infinito, para um lugar que já não é da dimensão humana. Deixamos de ver o EU para passarmos a ver o D(EUS).

(1) Armando Azevedo
(2) Armando Azevedo
(3) Abel Salazar

José A.C. Vieira

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